quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Balanço 2012 - Botafogo




Para encerrar este ano, o blog irá fazer uma avaliação da performance dos times cariocas ao longo de 2012. Iniciaremos com o Botafogo, clube que mais uma vez deu a impressão de que poderia ter ido um pouco mais longe em algumas competições.

Um início sem perspectivas

O Botafogo iniciou o ano praticamente com a mesma base que terminou 2011. Isso já é um fato estranho, uma vez que a diretoria criticou falta de empenho dos jogadores ao final do ano anterior. Apesar disso, apenas um jogador (o lateral-direito Alessandro) e o técnico Caio Jr foram dispensados. Bruno Cortês, comprado pelo São Paulo, completou a lista de jogadores que saíram. De contratações para o time titular, apenas Andrezinho, que veio do Internacional, além de Andrezinho para compor elenco. Além de Oswaldo de Oliveira, novo técnico.

Se um jornalista ou torcedor fizesse uma análise rápida dessa realidade do Botafogo no início do ano dificilmente criaria muitas expectativas. Afinal, era o mesmo elenco que nada conquistou em 2011 sem os laterais titulares e reforçado apenas por Andrezinho que era reserva em Porto Alegre. O time saía atrás dos rivais Vasco e Fluminense.

Com isso, o time teve um início de ano não muito animador. Vencia os fracos adversários, mas sem empolgar. E alguns jogadores como Elkeson eram vistos com muita desconfiança pelo torcedor. Por conta disso, por várias vezes o elenco entrou em rota de colisão com a torcida. O treinador Oswaldo chegou a “encarar” a torcida após uma série de vaias, fato este que traria muitos problemas ao longo do ano. A equipe ainda conseguiu se classificar para as semifinais do primeiro turno, mas caiu diante do Fluminense em uma disputa de pênaltis. 

Na Copa do Brasil, o time também não convencia. Na primeira fase, sofreu para eliminar o inexpressivo Treze em uma complicada disputa de pênaltis.

O fim melancólico do primeiro semestre

Contudo, no segundo turno do Campeonato Carioca, o time apresentava alguma melhora. Um padrão tático de marcação começava a aparecer e mesmo com Loco Abreu não apresentando bom rendimento, o ataque marcava seus gols. E assim, o time conseguiu bater o Vasco e conquistou o segundo turno do campeonato.

Eis que em poucos dias todo primeiro semestre do time foi por água abaixo. Na disputa da final do Carioca contra o Fluminense, o time até saiu na frente. Mas após ceder o empate, teve o lateral-direito Lucas expulso, o que mudou completamente o panorama da partida. Oswaldo de Oliveira demorou muito a recompor a defesa e com isso o time sofreu um impiedoso 4x1 que não seria revertido na segunda partida. Dias depois, o time foi derrotado de virada pelo Vitória em pleno Engenhão (com novamente Lucas sendo expulso, dessa vez colocou a mão na bola para evitar um gol) e foi eliminado na Copa do Brasil. As baixas expectativas do inicio do ano começavam a serem confirmadas.

Um semestre sem atacantes

Apesar de tudo, a diretoria do clube parecia estar em outra realidade e não ver o que estava acontecendo. O time iniciou o Campeonato Brasileiro com poucas opções para zaga e sem reservas para as laterais (que tinham os reservas de 2011 como titulares). E para piorar, o clube perdeu Maicosuel, Herrera e Loco Abreu. Como Caio e Alex já havia saído no início do ano, o time ficou sem opções para o ataque. Apesar de várias especulações, a única contratação para o setor foi o desconhecido Rafael Marques, que tinha uma fraca média de 0,3 gols no campeonato japonês. Além dele, chegaram Vitor Jr,  que não era aproveitado no Corinthians, e o uruguaio Lodeiro, meia ofensivo que só estrearia quase no segundo turno.

Diante disso, novamente era difícil criar boas perspectivas. O time teve bom início, mas não conseguia manter regularidade. Elkeson fora improvisado como centroavante, mas mesmo com muito esforçado, não tinha o cacoete necessário para a posição. E Rafael Marques mostrava-se uma piada, embora fosse fortemente defendido pelo treinador. Fato que foi agravando ainda mais a relação com o torcedor. Apesar da falta de atacantes, os gols até saíram, embora ficasse a impressão de que as chances seriam mais bem aproveitadas por um atacante de ofício. A zaga continuava levando muitos gols e no meio de campo as contusões de Marcelo Matos e Lucas Zen atrapalhavam o conjunto da equipe.

Seedorf, a cereja de um bolo não recheado

Entretanto, um fato surpreendente causou alvoroço na torcida: o consagrado jogador Clarence Seedorf foi contratado e trouxe novo ânimo para a equipe. O holandês demorou um pouco a encontrar sua posição na equipe, mas logo estava comandando o meio de campo ao lado de Andrezinho e levando novamente o torcedor ao estádio.

Mas a euforia infelizmente não durou tanto. Seedorf era a cereja de um bolo que não tinha recheio. O ataque continuava sem nomes confiáveis e a zaga seguia levando muitos gols. Os desfalques poderiam ter um efeito pior, mas a entrada dos garotos Gabriel, Jádson e Dória amenizou o efeito. Embora não tivessem muita experiência e só fossem esperados para 2013, os jovens valores entraram bem na equipe e tomaram a posição dos titulares. Só que isso ainda era insuficiente para que a equipe deslanchasse.

Além disso, o time foi eliminado logo na primeira fase pelo Palmeiras, que sequer demonstrava interesse na competição.

Quando poucos torcedores ainda acreditavam numa melhoria na equipe, o jovem atacante Bruno Mendes chegou ao time. Demorou um pouco a entrar no time titular, pois o Oswaldo insistia com o inútil Rafael Marques. Mas o atleta logo começou a marcar gols e caiu nas graças da torcida. O uruguaio Lodeiro também começou a achar sua melhor posição e fazer boas partidas. Infelizmente o campeonato já se encaminhava para o fim e apesar da propaganda recheada de “oba oba” da diretoria, o time estava muitos pontos atrás do quarto colocado para pelo menos sonhar com vaga na Libertadores.

Mais um ano com o mesmos erros

E assim, o Botafogo terminou mais um ano sem conquistas. Em alguns momentos a diretoria chegou a criticar o comportamento da torcida, tal como em 2011. Porém, como já foi dito, diante do que foi apresentado para o elenco no início de 2012, era difícil imaginar algo a mais. A contratação de Seedorf foi sem dúvida um bom chamariz para a torcida, mas sozinho ele não poderia garantir títulos para o clube. E sem vitórias, não há torcida que permaneça empolgada.

Como padrão do futebol brasileiro, o técnico foi questionado pelo baixo rendimento da equipe. Bem, contra Oswaldo, pesa o fato de insistir tanto tempo com Rafael Marques e ainda enfrentar jornalistas e torcedores para defender o fraco jogador. Sem contar a omissão na final da Carioca que facilitou o título tricolor. O Botafogo montou um elenco mediano para a temporada e teve uma classificação mediana no Brasileirão. Pode-se dizer então que o trabalho de Oswaldo também foi mediano, já que não conseguiu tirar do elenco mais do que ele parecia ser capaz de produzir.

É interessante notar que desde 2010 os erros do Botafogo parecem se repetir. O time inicia o campeonato mostrando certo potencial. Mas logo problemas pontuais começam a aparecer. Sempre há uma posição com excesso de jogadores e outra com carência de jogadores. Sem contar o fato do time parecer desistir da disputa a algumas rodadas do final. Até o discurso dos treinadores (Oswaldo, Caio Jr e Joel) torna-se praticamente o mesmo ao longo dos meses.

Assim, podemos dizer que o problema do Botafogo vai além dos jogadores e do treinador. Não parece haver no clube, uma mentalidade vencedora e disposta a ir mais longe. E o discurso de dirigentes é praticamente o mesmo a cada ano e seus erros também. A diretoria parece mais preocupada com o marketing, achando que ele vai alavancar o futebol, quando deveria ser o contrário. Diante de como este ano terminou e de como 2013 se apresenta, é provável que a torcida veja o mesmo filme no ano que vem.


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