terça-feira, 1 de julho de 2014

A Imaturidade e a "Geração Perdida"



A Seleção Brasileira ainda não fez uma partida convincente nesta Copa. A zaga ainda está insegura, o meio de campo marca mal e não cria nada e o ataque depende totalmente de uma jogada individual de Neymar. Problemas para o técnico resolver, que inclusive já reconheceu o mau futebol. Entretanto, além do problema técnico e tático, é nítido que a Seleção Brasileira também carece de maturidade.

Dos 22 convocados, somente Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva, Maicon. Remirez e Fred já disputaram uma Copa. Sendo que alguns nem eram titulares. No jogo contra o Chile, foi visível a irritação dos brasileiros por não conseguir construir as jogadas algumas vezes. Oscar, Hulk, Fernandinho e até Neymar por muitas vezes demonstraram ansiedade para definir um lance. E Thiago Silva, bom zagueiro, está com uma postura longe do que se espera de um capitão. Ao final da última partida foi possível ver como os nervos dos jogadores estão à flor da pele, com jogadores muito emocionados.

Acredito que essa imaturidade é visível devido à falta de jogadores mais experientes no grupo. Alguém que saiba acalmar os ânimos, fazer uma leitura do jogo de dentro das quatro linhas, ser um técnico entre os jogadores, alguém que saiba conduzir os mais novos. Mas quem seriam esses jogadores? São justamente os que eu chamo de “geração perdida”.

Jogadores como Ronaldinho Gaúcho, Robinho , Adriano e Kaká hoje não estão com idade tão avançada assim. O primeiro está com 34, o segundo com 30 e os demais com 32. No futebol de hoje ainda podem jogar perfeitamente caso façam uma boa preparação física, que foi justamente o que a maioria deles não fez. Esses quatro jogadores estavam no auge de suas carreiras na Copa de 2006, mas creio que todos se lembram de como foi aquela Copa. Um total desinteresse dos jogadores, um festival de oba oba e descompromisso, como se não precisassem correr para vencer os jogos. E nenhum pulso forte no comando da Seleção para frear a bagunça que acabou resultando em apresentações fracas e uma eliminação antes do que se esperava. E foi ali que começou o declínio daquela geração, fazendo com que muitos daqueles jogadores nem sequer fossem mais lembrados para a Copa seguinte.

O quarteto de jogadores que citei, poderia não estar no seu auge agora, mas deveriam estar naquele momento estável da carreira. Aquele momento em que se tornam os jogadores de segurança, de confiança do treinador e do grupo. Não digo que ainda fossem jogadores que pegassem a bola e resolvessem, mas sim aqueles jogadores experientes que, no momento de dificuldade, passem a bola para eles que eles acalmam o jogo. Não precisariam nem ser titulares, mas poderiam estar no grupo para justamente conduzir os mais novos e entrar em partidas nervosas como foi a última.

O problema é que, como falei antes, essa geração se perdeu. Ronaldinho Gaúcho teve um enorme declínio na carreira a partir dali. Uma série de lesões musculares, talvez até motivadas por uma má preparação física causada por falta de seriedade, fizeram-no pouco jogar no Barcelona. Teve passagem apagada no Milan e no retorno ao Brasil vive de alguns lampejos. Adriano viveu uma vida cigana de empréstimos, não chegando a acertar em nenhum lugar, exceto pelo bom ano de 2009 no Flamengo. O jogador chegou a virar motivo de piada pelo tamanho da barriga. Já Kaká e Robinho ainda conseguiram manter um bom futebol após 2006, o que os levou a disputar a Copa de 2010. Porém, Kaká teve um grave problema no joelho, o qual fez com que nunca conseguisse recuperar seu bom futebol. Já Robinho entrou em declínio após 2010, fazendo com que o Milan já se dispusesse em negociá-lo, mas o jogador parece já achar que conseguiu uma aposentadoria no time italiano, não demonstrando interesse em se transferir.

Deixo claro que não estou dizendo que esses jogadores deveriam ter sido convocados, até porque listei acima que todos estão em momentos ruins da carreira. Estou, na verdade, lamentando que os quatro não estejam em bons momentos, pois poderiam estar contribuindo agora. É muito comum as Seleções levarem alguém mais experiente, mesmo que em alguns casos o jogador vai atuar pouco. O grupo atual do Brasil é um bom grupo, mas ainda é muito novo. Carece dessa experiência que poderia ser dada por esses jogadores mais gabaritados. Porém, eles não se ajudaram (com exceção de Kaká, que teve problema físico) e agora, não podem ajudar o Brasil. Ronaldinho Gaúcho disputou sua primeira Copa em 2002 e era um dos principais jogadores daquela Seleção. Porém, tinha com quem dividir a responsabilidade. Ronaldo e Rivaldo eram os pontos de segurança e equilíbrio daquele time, juntos com os laterais experientes. O próprio Kaká, reserva naquele grupo, deve ter aprendido muito naquele momento. Em 2006 ele foi um dos poucos que levou a competição a sério. 




Neymar hoje é a saída técnica para uma jogada individual, mas quem é o jogador da confiança moral e do respeito do grupo? Quem é o jogador que sabe ler a partida e dizer as companheiros para atacar mais pela esquerda ou pela direita? Quem é o jogador com moral e liderança para gritar com o companheiro e mandá-lo prestar atenção ou tocar a bola? Quem é o jogador com experiência para chegar num jogador mais novo que está visivelmente nervoso e acalmá-lo? Quem é o jogador de segurança do grupo hoje que bota a bola no chão e acalma o grupo? Simplesmente não temos esse jogador.

Caberá ao técnico Luiz Felipe assumir não só um papel de “paizão”, mas também de liderar o grupo. Chamar um jogador e falar para soltar mais a bola, pois não joga sozinho. Falar para um lateral que se o outro subiu, ele tem que ficar. Mandar um marcador ficar mais atento à movimentação adversária e não apenas à bola. E, principalmente, saber acalmar os jogadores ajudando-os a suportar a pressão de jogar uma Copa em casa. A Seleção não precisa agora somente de um comandante, mas sim de um líder de fato!

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