terça-feira, 5 de julho de 2011

Não existe mais bobo ou sobra incompetência?



Há alguns anos atrás, o então técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Carlos Alberto Parreira, popularizou a frase “não existe mais bobo no futebol”. A intenção de Parreira era justificar empates e/ou derrotas para equipes consideradas fracas no futebol mundial. Com o tempo, a frase passou a ser utilizada antes das partidas, em uma clara tentativa dos treinadores de transferir a responsabilidade da vitória. A frase também ganhou algumas variações, como a utilizada por Mano Menezes antes do jogo contra Venezuela quando disse que a seleção venezuelana “não é galinha morta”.

Que me desculpe o Sr Mano Menezes, mas a Venezuela não só é galinha morta como já vem temperada, com farofa e batatas coradas. Quando foi a última vez que a Venezuela disputou Copa do Mundo? Qual foi sua melhor colocação em Eliminatórias? Alguma vez já disputou semifinal de Copa América? Que jogadores venezuelanos atuam por grandes times do mundo?

O que acontece é que os bobos, ou as galinhas mortas, simplesmente aprenderam a marcar. E aos tubarões está faltando competência para sair desta marcação. Já não é de hoje que técnicos brasileiros privilegiam a parte tática em detrimento da técnica. Isso nada mais é que arriscar que o seu time, mesmo tecnicamente melhor, fique nivelado ao adversário. Até porque pouquíssimos técnicos brasileiros podem dizer que entendem de tática de futebol de fato.

Meus amigos de mais idade me dizem que esse futebol praticado pela Seleção Espanhola pratica hoje não é novo. É apenas uma variação daquele jogado pela Holanda nos anos 70. Alguém teria a coragem de dizer que a Espanha não tem tática de jogo? Claro que tem, mas nem por isso deixa a técnica de lado. E é por isso que é difícil marcá-la. No Brasil, os treinadores gostam muito de falar em números como linhas de ônibus (“saí do 4-3-3 para o 4-4-2 e depois tentei o 4-3-1-2”), mas poucas vezes conseguem realmente fazer uma variação tática do modo do time jogar. O que vemos na maioria dos casos são substituições prontas, o estádio inteiro já sabe quem vai entrar e quem vai sair.

O Brasil até não jogou mal a primeira etapa. Criou algumas chances e faltou um pouco de tranqüilidade. Além de atacantes que realmente joguem bem com a camisa canarinho, o que não se aplica a Robinho e Pato. Mas assim que a Venezuela melhorou a marcação, faltou a tal da variação tática. O time continuou jogando da mesma forma burocrática, mesmo como todos vendo que não dava mais certo. Talvez se o jogo tivesse mais meia hora o resultado não se alterasse. Ficou a impressão de que Mano acreditava que em um lance isolado de Neymar ou Ganso o jogo fosse decidido. Se for para contar apenas com lampejos individuais, pra que treinador?

A maioria das pessoas ficou feliz quando Mano Menezes parou de encher o time de cabeças-de-bagre e passou a colocar jogadores mais talentosos, mas só isso não ganha jogo. Convocando melhor ou não, o fato é que essa Seleção ainda não venceu nenhuma equipe de ponta no futebol mundial. E se começar a se engasgar até com galinhas mortas, será o Sr Mano que estará cozido até o final do ano. Ah, e no futebol ainda existe muitos bobos sim: os pobres espectadores que muitas vezes pagam caro para ver um futebol pobre.

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