Futebol desafina na terra do Carnaval
“Deus falou, que a dois mil não chegará”. Este trecho de uma marchinha de Carnaval resume bem o atual cenário do Campeonato Carioca. Blocos de Carnaval levam centenas de milhares de foliões às ruas, enquanto, até a última rodada, a média de público do Cariocão 2012 era de 2.620 torcedores/testemunhas por jogo. Mas o que o campeonato tem a oferecer aos torcedores? Simples. Uma penca de times fracos, gramados (pastos) inadequados à prática do bom futebol, transporte deficitário, ingressos caros e até desinteresse dos seus próprios times, com algumas exceções.
A paixão dos torcedores
carioca tem limite. É impossível fazer um campeonato estadual com 16 clubes e
manter um nível técnico aceitável. . Sendo que destes 16,
apenas quatro disputam a série A brasileira, enquanto nenhum dos outros
disputam sequer a série B. Clubes que beiram o amadorismo.
Não defendo a extinção do estadual, muito
menos dos clubes tidos como pequenos; de menor investimento.
Mas precisa-se enxugar para elevar o nível técnico da competição. Em muitas
partidas, os times grandes jogam para o gasto. Fazem um gol e esperam o
resultado acontecer ou poupam jogadores, sabendo que tem como recuperar no caso
de um revés. Com isso, tornam-se emocionantes apenas os clássicos e os jogos de
semifinais e finais de turno.
Além dos times muito
fracos, o agravante vem dos estádios. O gramado do estádio do Bangu, vice-campeão
da série A brasileira de 1985, é uma vergonha. Impossível trocar passes naquele
piso que chamam de gramado e que eu prefiro chamar de pasto. Já em Conselheiro
Galvão, estádio do Madureira, não existem refletores. Isso mesmo, não pode ter
jogos à noite por falta de iluminação. Sendo assim, os jogos no subúrbio
carioca são realizados às 17h sob forte sol. Não importando qual dia da semana
é realizada a partida. Por tudo isso, paga-se absurdos R$ 30. São apenas dois
de muitos exemplos ruins que encontramos no campeonato carioca da primeira
divisão. Campeonato que se vale da alcunha de charmoso, mas devido ao
descaso recorrente da Federação que o organiza e a “indiferença” dos clubes
“grandes” que o disputam, beira a decadência e ostracismo.
Com exceção do Vasco - que se
classificou antecipadamente para as semifinais da Taça Guanabara - no próximo
sábado de Carnaval, tem rodada decisiva para Fluminense, Flamengo e Botafogo.
E, sinceramente, não aconselho ninguém a perder tempo, sofrer com o mau futebol
apresentado, estádios sem o mínimo de conforto, com serviços mal prestados e
principalmente, onde ele não é tratado como cliente; como se o torcedor
estivesse pedindo favor ao invés de apenas receber de forma satisfatória o
produto que pagou, e bem caro. Curtam seus blocos, seus desfiles e bailes de
Carnaval. Afinal, como diria o Cordão Do
Bola Preta: “Todos são de coração (foliões do Carnaval)”.
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