segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Marketing pisando nas tradições



Ontem em São Januário, no jogo Vasco x Friburguense, acontece um fato inusitado: as crianças aguardavam os jogadores vascaínos entrarem em campo para os acompanharem. Eis que de repente entra um time com as cores azuis e uma cruz branca no peito. “Deve ser o friburguense”, provavelmente pensaram os pequenos vascaínos. Precisou alguém falar para as crianças que se tratava dos jogadores do Vasco para elas correrem até eles.

Respeito muito o trabalho que o departamento de marketing dos clubes fazem no sentido de motivar mais os torcedores, atraí-los para o clube e vender mais produtos. Mas será mesmo que em nome do marketing vale à pena pisar nas tradições do clube?

Falando do caso específico do Vasco, quando foi na história do futebol do clube em que o azul foi utilizado? A justificativa é uma homenagem às conquistas marítimas. Ora, mas o que isso tem a ver com o futebol do clube? Azul sequer faz parte das cores oficiais do time de futebol. Em 2010 o clube já havia feito outra extravagância lançando uma camisa com faixa vertical dourada. Isso sem falar da camisa branca com a cruz dos templários no peito (é uma cruz, mas não é a tradicional cruz de malta).

É evidente que não é apenas o Vasco. Corinthians já lançou uma camisa roxa, Flamengo já vestiu camisa semelhante à do Tabajara F.C. e o Palmeiras também já entrou de azul parecendo o Olaria. Como pode o time tradicionalmente conhecido como "Verdão" jogar de azul? Tudo em nome do Marketing!

Os grandes clubes parecem se esquecer de que foram as cores originais que estava com eles durante as suas maiores conquistas. Se hoje, muitos desses clubes têm influência nacional, não foi graças a essas camisas “marketeiras”. Pelo contrário, tais camisas fazem com que as tradições sejam ignoradas.

Em janeiro de 2008, um amigo torcedor do Botafogo foi passar férias no Chile. E em uma manhã resolveu caminhar com a camisa do clube. Ao entrar em uma loja, o vendedor reconheceu de que se tratava do Botafogo do Brasil. Será que se o clube da estrela solitária lançasse uma camisa azul, também em homenagem ao remo, ela também seria reconhecida lá no Chile? Ou os chilenos pensariam que se trata apenas de algum clube de várzea?

A tradição dos clubes não pode nunca ser ignorada. E com o mau momento de muitos clubes brasileiros é que a tradição deve ser mais respeitada ainda. Pois é o que mantém a maior parte de seus apaixonados torcedores. Que os departamentos de marketing continuem trabalhando, mas sem precisar pisar nas cores dos clubes.

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