terça-feira, 13 de março de 2012

A saída de Ricardo Teixeira. Novos rumos no futebol brasileiro?




Agora é oficial. Após 23 anos no poder, Ricardo Teixeira finalmente deixou o comando da CBF. José Maria Marin, vice-presidente do Sudeste e mandatário em exercício, assume em seu lugar.

É evidente que a saída de Ricardo Teixeira se deu muito mais por motivação política do que por qualquer outro motivo. A relação Governo Federal – CBF – FIFA está azeda e Ricardo Teixeira é quem estava justamente no meio da tempestade. Se a Copa no Brasil fosse realizada somente em 2018, é provável que víssemos Teixeira por mais uns 4 anos, pelo menos, no comando da entidade. Quem não mora no Brasil e não acompanha o nosso futebol, pode achar que pro ter ficado tanto tempo, Teixeira teve um excelente mandato. Mas a história é um pouco diferente.

Teixeira assumiu a CBF em 1989, quando o Brasil já estava há 19 sem sequer disputar uma final de Copa do Mundo. Em seu mandato, a Seleção conseguiu vencer duas Copas do Mundo e ser vice de outra. Venceu ainda 3 Copas das Confederações e 5 Copas Américas. Além disso, Teixeira foi um dos principais articuladores políticos que trouxe a Copa de 2014 para o Brasil. Contudo, ainda no tema "Seleção Brasileira", depois da Copa de 2002, o rumo começou a ser perdido. O caos e oba-oba começaram a proliferar. Convocações cada vez mais numerosas e estranhas. Amistosos marcados mais por motivações políticas e financeiras do que técnicas. Patrocinadores interferindo demais. Assim, vieram os fracassos nas Copas de 2006 e 2010. A Seleção parece não ter se encontrado até agora e periga ser nova decepção em 2014. De todo modo, não se pode negar que Ricardo Teixeira conseguiu boas conquistas para a Seleção Brasileira ao longo de todo mandato. Assim, para a seleção, não se pode dizer que ele foi de todo ruim. Houve muitos contras, mas houve prós também.

Já para o futebol brasileiro, falando dos clubes mais especificamente, pode-se dizer sim que Ricardo Teixeira foi um desastre. Ele até começou bem, criando a Copa do Brasil em 1989, como um campeonato que reunia todos os Estados do país. Contudo, com o passar dos anos, os clubes foram perdendo cada vez mais. Times passaram a excursionar menos. Até o início dos anos 90 era comum vermos times brasileiros fazendo excursões para fora do país. Hoje isso é fato raro. Com isso, o faturamento dos clubes também diminuiu. Com o tempo, o nível técnico do futebol praticado no Brasil caiu vertiginosamente. Se antes tínhamos campeonatos disputados por bons times, hoje a disputa é alta, mas nivelada por baixo. A política do futebol passou a ser formar jogadores para vender para o exterior e no perfil que os times de lá desejam. Cada vez menos se privilegia a técnica no Brasil. Isso sem falar nos escândalos de arbitragem ocorridos em vários anos, dos quais Teixeira sempre tenta ficar distante. Enfim, se por um lado a gestão tentou fortalecer a Seleção, por outro lado enfraqueceu consideravelmente os clubes.

Mas agora que Teixeira saiu o que mudará? Francamente, não acredito em nenhuma mudança nem em curto e nem em médio prazo. Talvez em longo prazo. José Maria Marin é aliado de Teixeira e ainda tem em seu currículo o furto de uma medalha. Não se pode esperar muito além de uma manutenção do que já vem sendo feito, como o próprio Marin já deixou claro. No caso da escolha de um novo mandatário, vários presidentes de Federações surgem como candidatos. Porém, devemos lembrar que se Ricardo Teixeira ficou 23 anos no poder, muito se deve ao apoio dado justamente por esses presidentes de Federações. Como esperar alguma mudança significativa nesse cenário? Também não dá para esperar muita coisa dos demais dirigentes dos clubes, pois sabemos que a maioria deles não está nem um pouco interessada em mudar os rumos do futebol brasileiro. O episódio das cotas de televisionamento deixou isso muito claro.

Contudo, até agora, parece não haver um nome de consenso entre os cartolas para ser o novo mandatário. Comenta-se que os Estados A e B não querem o Estado C no poder, que o Estado C não quer o D e por aí vai. É possível que justamente essa disputa pelo poder seja a chave para que pelo menos sejam evitados mandatos absolutistas como foi o de Teixeira. Uma maior fiscalização e cobrança, causando mais transparência e alternância de idéias podem ser o início de uma mudança de rumos no futebol brasileiro. Se de fato irá ocorrer, só o tempo dirá. Por enquanto, mais do mesmo....

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