sexta-feira, 16 de março de 2012

E o Flamengo "Joelou"




A noite de ontem brindou quem acompanha futebol com mais uma daquelas apresentações quando o que parecia impossível aconteceu. O Flamengo vencia por 3x0 até os 31 minutos do segundo tempo, mas permitiu o empate do Olímpia. Como explicar que um jogando em casa consiga levar 3 gols nos 14 minutos finais de jogo?

Alguns comentaristas falam do imponderável. Dizem que ontem não houve culpados. Que essas coisas às vezes acontecem com o Flamengo. Houve até quem dissesse que o time “flamengou”. “Apagão”, relaxamento... Enfim, várias possíveis explicações. Mas eu diria que o Flamengo apenas “joelou”.

Há muito tempo que Joel insiste em um esquema quase suicida. Joel evita agredir o adversário. Aposta que seu time vai resistir à pressão por 90 minutos se for preciso. Ou que vai matar o jogo em dois contra-ataques. O problema é quando seu ferrolho é superado ou então quando precisa se impor no jogo.

Quem não assistiu ou assistiu a apenas parte do jogo, pode achar que o 3x0 foi construído com facilidade, mas não foi o caso. Até o Flamengo fazer o primeiro gol, era o time paraguaio quem ditava o ritmo do jogo, já tendo obrigado Paulo Victor a fazer grande defesa quase em cima da linha. Eis que em uma escapada, bela jogada de Wagner Love, gol de Bottinelli. E a partir daí o Flamengo passa a tocar a bola com mais tranqüilidade. Bem dentro do script Joel Santana.

A vantagem fez com que mais espaços aparecessem na defesa paraguaia. E o Flamengo, em noite inspirada de Ronaldinho, soube se aproveitar disso, ainda que não estivesse realmente se impondo ou encurralando o time paraguaio, como se poderia esperar de uma equipe atuando em casa. Mas eis que com bons passes aproveitando os buracos, o Flamengo rapidamente chegou aos 3x0.

Jogo resolvido? Não! Nunca está quando o time em vantagem não domina o jogo de forma a não deixar o adversário crescer. E o Joel joga assim. O adversário sempre consegue jogar. Aliás, é isso que Joel quer: que o adversário jogue e deixe espaços. O problema, como já dissemos, é quando o adversário chega ao gol.

E eis que isso aconteceu aos 31. Paulo Victor é bom goleiro, mas ainda inexperiente. Fará grandes defesas (como fez ontem) e cometerá algumas falhas. Barreira mal armada, falta bem batida, gol paraguaio. Aí bateu aquela dúvida no time rubro-negro: fechamo-nos mais na defesa ou vamos ao ataque? Enquanto decidiam, 7 minutos depois, nova jogada paraguaia na área do Flamengo. O chute não sai tão forte, mas vai no canto: Segundo gol paraguaio.

Com isso o desespero bateu de vez. O nervosismo tomou conta dos jogadores e as velhas deficiências do time rubro-negro voltaram a ficar evidentes. Uma delas é a fragilidade da defesa pelo alto, fato que ficou evidenciado numa cabeçada do jogador paraguaio que só não resultou em gol devido a outra bela defesa de Paulo Victor. Mas aos 43 não teve jeito: jogada pelo lado de Galhardo (que não consegue subsituir Léo Moura à altura), chute forte e rasteiro, goleiro pula atrasado, empate paraguaio...

É importante frisar que nada disso foi algo tão surpreendente em uma análise mais fria. O gol do Olímpia poderia ter acontecido antes, já que o time do Flamengo em momento nenhum se colocou como dono do jogo. O time do Olímpia aproveitou os espaços dados e teve o mérito de não desistir da partida mesmo com 3x0.

Não podemos ignorar o fato do time do Flamengo estar com muitos desfalques, mas o que se questiona e a postura do time. Atuando no Rio de Janeiro, diante da sua torcida, é obrigação do time carioca não permitir que nenhum adversário cresça e dite o ritmo do jogo. E não será a entrada de apenas um jogador que mudará toda a postura. Nem mesmo se esse jogador for o aclamado Imperador.

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