segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um prêmio ao futebol ofensivo




Em 2003, o Cruzeiro foi o campeão brasileiro conquistando 100 pontos e marcando mais de 100 gols. Em 2004, o Santos não chegou aos 100 pontos, mas também ultrapassou a barreira dos 100 gols. Contudo, de lá pra cá, praticamente todos os campeões foram times que se preocupavam muito mais com a defesa do que com o ataque. Somente o Corinthians em 2005 ultrapassou a barreira dos 70 gols. Alguns campeões não chegaram nem aos 60.

É evidente que isso não desmerece os títulos conquistados, afinal, a regra do jogo diz que ganha quem fizer mais pontos. E para isso, uma vitória magra de 1 x 0 basta para garantir mais três pontos na classificação. Assim, a maioria dos times joga privilegiando marcação em detrimento do ataque apostando na tal fórmula de sucesso. Contudo, isso tem provocado jogos amarrados e chatos. Principalmente quando ambas as equipes que se enfrentam tem a mesma proposta defensivista. Uma rara exceção é o técnico Cuca, que sempre monta equipes ofensivas. E ontem, no confronto entre o líder e o vice-líder, vimos a equipe ofensiva de Cuca, Atlético/MG contra o retrancado Fluminense.

O estilo de jogo do Fluminense não é novidade para ninguém. Já havíamos comentado aqui, durante a Taça Libertadores, como o tricolor atua retrancado. Expõe-se um pouco mais apenas quando joga em casa contra adversário de fora do Rio de Janeiro. Jogando fora ou em clássicos sempre se segura na defesa, aproveitando a enorme qualidade individual de seu quarteto ofensivo (Deco, Thiago Neves, Wellington Nem e Fred) para decidir as partidas no contra-ataque. Ontem não foi diferente.

Discordo de alguns comentaristas que hoje estão falando que foi um “jogão”. Foi um jogo emocionante pelas circunstâncias que ocorreram, mas não chegou a ser um “jogão”. Foi ataque contra defesa em mais de 90% da partida. Basta comparar o número de chances criadas, chutes a gol, bolas na trave, defesas difíceis e escanteios de cada time. O Galo jogou o tempo todo no campo tricolor e provocou quase 90 minutos de sufoco.

Mas ser dominado e ficar no sufoco não é novidade para a equipe tricolor nesse campeonato. Já venceu jogos atuando nesse estilo e conseguiu sair na frente no placar ontem em seu primeiro ataque perigoso. Contudo, dessa vez valeu a pressão atleticana e a tarde inspirada de Ronaldinho Gaúcho. O Atlético conseguiu a virada e seguiu atuando no campo tricolor. E mantendo seu estilo retrancada, em uma bola esticada, passe para o oportunista Fred empatar novamente o jogo.

A partida parecia se encaminhar para o empate. Como tem sido a tônica dos últimos anos, no confronto ataque x retrancado, na maioria das vezes, o retrancado, quando não vence, não perde. Mas ontem foi diferente. E nos acréscimos, o Galo chegou à merecida vitória.

No futebol tudo pode acontecer, mas considero bastante improvável que o Fluminense perca esse título. É difícil imaginar que a equipe perca a regularidade nesta reta final. E se for campeão, o título estará bem entregue. Mas, pelo menos ontem, para o bem do futebol, o ataque venceu a retranca.

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