domingo, 30 de dezembro de 2012

Balanço 2012 - Flamengo


O Flamengo começou o ano de 2012 classificado para a pré-libertadores e com esperança de brigar por títulos de expressão. Porém, os problemas começaram logo cedo. Salário atrasado, departamentos de futebol e financeiro em divergência, falta de acordo com a Traffic e saída de um dos principais jogadores do elenco para o rival foi a tônica do início de ano na Gávea. A boa notícia ficou por conta da volta do atacante Vagner Love.

Novela Thiago Neves
O clube pouco se movimentou para contratar jogadores para o time titular. Além de não contrarar, perdeu Thiago Neves para o Fluminense. O meia jogou a temporada 2011 emprestado pelo Al Hilal ao Flamengo, que tinha prioridade na contratação do meia. Era só o Rubro-negro depositar o valor 6,5 milhões de euros (R$ 14,7 milhões) estipulado pelos árabes até o dia 30 de novembro, e assim ficaria com o jogador em definitivo. Mas, como é de costume, a diretoria do clube dormiu no ponto e recebeu uma “volta” do Fluminense. A passagem de Thiago Neves pelo clube da Gávea não foi tão brilhante, teve muitos altos e baixos. Mas a forma com que a diretoria perdeu a negociação foi, no mínimo, constrangedora. Chegando ao ponto da Presidente Patrícia Amorim dizer que a conduta do presidente tricolor não era decente. O jogador, com toda razão, preferiu a garantia de que receberia seu salário todo mês no Fluminense. Já que presenciava a briga de seus companheiros de Flamengo por salários e luvas atrasados.

Alex silva era um dos jogadores que brigavam por luvas atrasadas. O zagueiro abandonou a equipe e não embarcou para a Bolívia, onde enfrentaria o Real Potosí pela pré-libertadores, em protesto pelo dinheiro que o clube lhe devia. Consequentemente, Alex foi afastado do elenco.

Pré-temporada
Como se não bastassem todos estes problemas, a pré-temporada serviu pra piorar ainda mais o clima no clube. O técnico Vanderlei Luxemburgo teria visto um vídeo que flagrava Ronaldinho Gaúcho com uma mulher no hotel onde o Flamengo esteve hospedado, em Londrina. Luxa pediu a rescisão de contrato de R10. Porém, Patricia Amorim e o diretor de futebol Luiz Augusto Veloso foram contrários e ainda mandou o decadente treinador não divulgar o assunto. Ronaldinho não foi punido e nem seria. Afinal, o clube devia R$ 3,75 milhões para o jogador, logo não tinha moral para punir o meia. O “Pofexô” achava que podia mandar mais que a presidente Patrícia Amorim. Sim, muitos mandavam mais do que a omissa presidente. Só que Luxa não era um desses. Depois de conquistar muitos desafetos (sendo os maiores Ronaldinho e o vice-presidente de finanças Michel Levy) e a vaga para o Pré-Libertadores, o técnico foi substituído por Joel Santana.

Campo e Bola
A exemplo da bagunça vivida fora de campo, o time também não se encontrou dentro das quatro. Mesmo ganhando o reforço de Vagner Love, o time sentiu muito algumas deficiências no elenco.
O time iniciou o Campeonato Carioca jogando com o time reserva, por conta da disputa da Pré-Libertadores. A tarefa na competição sul-americana parecia simples, mas a equipe passou com certa dificuldade pelo Real Potosí da Bolívia. Ufa! Agora vem a fase de grupos. Não para Vanderlei Luxemburgo que foi demitido logo após a classificação e deu lugar ao ultrapassado Joel Santana.
No Carioca, Mesmo com fracas atuações, sobretudo contra algumas equipes “semiamadoras”, se classificou para as semifinais da Taça Guanabara. Na disputa contra o Vasco, o time perdeu por 2 a 1 e foi eliminado. O jogo foi marcado pelo gol inacreditável que o atacante Deivid perdeu debaixo da trave. Mas a eliminação pouco importou para a torcida Rubro-Negra. Pois a menina dos olhos era a Libertadores.
O grupo da Libertadores não era fácil, mas também não tinha nenhum bicho-papão. A equipe Rubro-negra fez questão de complicar sua situação na competição. Principalmente em partidas onde estava vencendo e levou a virada ou empate. O maior exemplo foi na partida contra o Olimpia, onde o time estava vencendo por 3 a 0 e cedeu o empate ao clube paraguaio em pleno Engenhão.

Na Taça Rio, o time passeou e se Classificou com facilidade. Lembro que o nível do Campeonato Carioca é muito baixo e não serve de parâmetro pra nada. Não é de hoje.

Na última rodada da fase de grupos da Libertadores, o Flamengo precisava vencer seu jogo e torcer por um empate no Paraguai oitavas de final. No Engenhão, o Rubro-Negro bateu o Lanús por 3 a 0. Em Assunção, porém, Olimpia e Emelec empatavam por 1 a 1 até os 42 minutos do segundo tempo. Os equatorianos fizeram o segundo gol, levaram o empate, aos 46 (resultado que classificava o Flamengo), mas conseguiram o gol da vitória por 3 a 2 aos 47 e ficaram com a vaga. A equipe flamenguista era melhor individualmente do que os adversários que se classificaram (Lanús e Emelec), mas não merecia devido à postura em campo. Equipe sem padrão de jogo, desestruturada e com sua maior estrela e capitão da equipe só esperando a hora de sair.

Bom, restava o flagelado Carioquinha. É assim mesmo, quando nada dá certo tem que ganhar o estadual para “salvar” o primeiro semestre. Pensamento medíocre, mas forte entre os dirigentes e até parte dos torcedores.  Mais uma vez um confronto semifinal contra o Vasco e mais uma derrota. Desta vez sim, foi sentida. Afinal, o time ganharia férias forçadas de 28 dias até a estreia no Brasileirão.

Nestas eliminações, muito se falou do time que, de fato, era ruim. Mas um dos responsáveis foi o mais que ultrapassado Joel Santana. O ambiente era conturbado e a diretoria quis contratar alguém para acalmar as coisas no Ninho do Urubu. Só que pelo contrário. Além de ficar sem um bom técnico, o ambiente só piorou. Joel não sabia o nome dos jogadores, além de frear a evolução, mesmo que tímida, dos mais jovens. Mas tinha as férias forçadas e Joel teria tempo pra treinar o elenco e entrar voando no Campeonato brasileiro, certo? Errado. Joel não apareceu em campo de treino nos dez primeiros dias. Como ia melhorar o desempenho da equipe desta forma? Não deu outra. A equipe entrou no Brasileirão jogando ainda menos do que na Libertadores. E o problema não foi a saída de Ronaldinho. A equipe com ele também não vinha rendendo. O futebol Rubro-negro estava abandonado. Logo o time era fraco e treinador conseguia piorar. A má campanha no Brasileirão e a proximidade com a zona de rebaixamento provocou a queda de Joel Santana. Queda que já era esperada e só não aconteceu antes por conta da falta de comando no clube e pela multa rescisória do contrato do treinador.

Para o lugar de papai Joel, chegou Dorival Júnior. Não mudou muita coisa. Na hora do vamos ver, recorre aos velhinhos e “donos” do time, mesmo que não estejam jogando nada (esse é um péssimo hábito de 99% dos técnicos brasileiros. A desculpa é sempre a experiência. Se essa tal de experiência fosse craque estaria jogando na Europa). E assim, o Flamengo pouco fez ou quase nada. Na verdade, só fez uma boa, talvez ótima partida. Brilhou apenas contra o Atlético-MG, no Engenhão, no reencontro com Ronaldinho Gaúcho que agora veste a camisa do time mineiro. No mais, o grupo flamenguista continuou flertando com a zona de rebaixamento até o final do campeonato. Mas se salvou e continua na série A. Por que sofreu? Simples, porque o time é ruim.

Caso Ronaldinho e Traffic
De todas as baixas e episódios vexaminosos que o clube protagonizou neste ano, talvez o caso Ronaldinho tenha sido o pior. Não pela falta que faria. Não fez. Em raros momentos a camisa 10 demonstrou interesse em fazer do seu novo clube uma prioridade total em sua vida. Logo foram raros os momentos de bom futebol. Porém, não podemos colocar total responsabilidade do fracasso em Ronaldinho. Acima dele tem uma diretoria. Diretoria do caos, da gestão que desconhece a grandeza da entidade que representa.

A saída de R10 estava cantada desde o final de 2011, quando o clube e a Traffic, empresa de marketing esportivo, não chagavam um acordo quanto à exploração da imagem do jogador. A Traffic havia se comprometido a pagar 75% dos salários de Ronaldinho Gaúcho. Em troca, diretoria do Flamengo daria porcentagens sobre os patrocínios que o clube conseguisse. Só que tudo isso foi tratado informalmente. Não tinha contrato assinado. Isso só demonstra o nível de amadorismo e irresponsabilidade da diretoria. Como um acordo de milhões pode ficar apenas no aperto de mão? Diante da incapacidade do departamento de marketing da Gávea de explorar a imagem do jogador e de conseguir patrocinadores, a Traffic pulou fora e deixou a bomba no colo do clube.

Flamengo assumiria de vez a dívida e o salário total do meia, cerca de R$ 1,25 milhões. Não precisa ser nenhum gênio da lâmpada para saber que a diretoria que não consegue um patrocinador máster e não cria ações de marketing para explorar a imagem de um jogador conhecido mundialmente não conseguiria pagar esta quantia a estrela do clube. Isso tudo, levando em consideração o tamanho e potencial econômico de sua torcida.

Não demoraria muito e os advogados de R10 entrariam na justiça contra o Clube. A falta de pagamento daria direito a rescisão! Cinco milhões de multa e mais o resto do contrato até 2014. E os GÊNIOS da Gávea assinaram o contrato. Por quê? Porque não tem compromisso com o clube e não estarão lá pra pagar esta dívida. Um bando que trabalham por interesses individuais. O Gaúcho foi jogar no Atlético-MG e agora quem decidirá a questão com o clube carioca é o homem da capa preta.

A volta do Imperador
Com a saída de Ronaldinho da forma que foi e os seguidos vexames, Patrícia Amorim perdeu ainda mais popularidade. A mandatária se viu obrigada a dar uma resposta para tentar salvar suas candidaturas à reeleição do clube e a vereadora do Rio de Janeiro. Assim, contratou o ex-jogador Adriano.

Como todos sabem o Imperador não tem nenhum compromisso com sua carreira profissional, se esconde atrás de uma suposta doença (alcoolismo) esperando que todos passem a mão em sua cabeça. Mas para o objetivo da diretoria, Adriano era perfeito. A torcida Rubro-negra é carente, muitas vezes inocente, não enxerga o verdadeiro objetivo dos velhos sanguessugas. Além de amar o artilheiro da última conquista nacional do clube. Prato Cheio para a vereadora. Era só servir de escudo, não precisava entrar em campo. E não entrou mesmo. Depois de dois meses e meio de faltas e vida conturbada fora dos campos, o jogador encerrou sua terceira passagem pela Gávea. O Imperador ainda considera a possibilidade de voltar ao Flamengo em 2013, coisa que não deve acontecer.

Eleições presidenciais
A tentativa da dirigente de conseguir votos através da contratação de Adriano foi frustrada. A derrota nas eleições municipais foi inevitável. A administração marcada pela falta de comando, considerada desastrosa e até temerosa por muitas pessoas despertou a oposição. E mais uma vez, Patrícia foi derrotada. A chapa azul, comandada por Eduardo Bandeira de Mello venceu com folga. Provando que até dentro do clube, a ex-presidente já não era bem vista.
Após três anos de uma administração catastrófica e que tanto desrespeitou a história rubro-negra, Eduardo Bandeira de Mello promete devolver o Flamengo aos tempos de glória. A chapa azul é formada por um grupo de empresários/executivos bem sucedidos em suas carreiras. A palavra da vez no clube é profissionalismo. Palavra que passou longe da Gávea nos últimos anos. Ao longo da história muitas pessoas ou grupos que tentaram reverter uma situação difícil não tiveram êxito. Mas há otimismo. Fica a esperança de que o torcedor rubro-negro tenha um 2013 de acordo com suas tradições. E que o ano de 2012 não seja esquecido. Há de ser lembrado para que não se repita e que se espantem os fantasmas que habitam a Gávea.

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