terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Que se punam todos os responsáveis



Como já está sendo amplamente divulgado pela mídia, em jogo válido pela Libertadores na Bolívia entre Corinthians e San Jose, um torcedor do Corinthians disparou um sinalizador contra a torcida boliviana. Um menino de 14 anos foi atingido e faleceu. A polícia boliviana então prendeu 12 torcedores do time paulista após exame ter detectado pólvora nas mãos deles.

Bem, em primeiro lugar, é bom que se diga que o uso de fogos de artifício como arma por Torcidas Organizadas não é fato raro no Brasil. Sinalizadores, rojões e até mesmo bombas são frequentemente atiradas sobre torcedores rivais e se não aconteceu ainda uma tragédia como a boliviana foi por pura sorte. Outro fator que deve ser levado em conta é a truculência de muitas torcidas organizadas. É incrível a disposição que muitas tem para a violência. Algumas chegam ao absurdo de acharem que a briga contra rivais é normal e necessária, e ainda se intitulam como protetores dos torcedores comuns, numa completa inversão de valores. Infelizmente não é incomum vermos reportagens de jovens mortos vítimas da violência de Torcidas Organizadas.

Contudo, mesmo diante desse cenário, a impunidade reina aqui no Brasil. Dirigentes de clubes, que são os principais promotores da Organizadas (muitas vezes bancando a entrada e até viagens deles), simplesmente ignoram os fatos. E nas vezes em que baderneiros são presos, é comum vermos dirigentes nas delegacias solicitando a soltura dos meliantes. As autoridades não ficam atrás. Mesmo com tudo que já ocorreu, não vemos uma medida mais enérgica dos Governos contra esses grupos. A explicação é simples: votos! Como as torcidas mais violentas são aquelas com mais torcedores, como tomar uma medida contra elas e arriscar perder votos na eleição?

A mídia não fica muito atrás. Nos dias seguintes à tragédia, a maior emissora do País tratou de exibir reportagens sobre o fato mostrando a família dos torcedores presos. Mães chorosas, amigos indignados, parentes atestando caráter... todo aquele sensacionalismo que não agrega rigorosamente nada à apuração dos fatos. Apenas deixa a impressão de querer proteger os envolvidos.

Para o azar dos envolvidos, o fato não ocorreu no Brasil, mas sim na Bolívia. E como a morte foi de um boliviano, o país vizinho não parece querer deixar o fato impune. Os torcedores presos continuam encarcerados e o fato de um menor ter assumido a culpa não parece ter atenuado a situação. A justiça boliviana, corretamente, já solicitou que o tal menor se apresente lá. Aqui no Brasil, provavelmente passaria impune, tal como a maioria dos menores envolvidos em crimes aqui.

Há quem diga que o tal infrator confesso está apenas agindo como laranja para livrar a cara de outros, aproveitando o fato de que sendo menor escaparia mais fácil (pelo menos aqui no Brasil). Não serei leviano para afirmar isso, já que na confusão do vídeo não dá para ver quem disparou. Entretanto, se o menor foi mesmo o autor do disparo, algumas perguntas ficam no ar: se foi ele quem disparou, por que outros suspeitos estavam portando sinalizadores iguais ao disparado e ainda com vestígios de pólvora nas mãos? Se o menor é mesmo de família pobre (como as reportagens argumentaram), como comprou tal artefato e como viajou para fora do País para assistir a uma partida de futebol? E como viajou sem autorização dos pais? Enfim, muitas questões que precisam ser esclarecidas.

No entanto, não querendo fazer defesa de quem fez o disparo, mas há outros envolvidos  que também tem responsabilidade no caso: as autoridades encarregadas da segurança no estádio. Afinal, como os corinthianos entraram com os fogos de artifício no estádio? Não há uma revista antes de entrarem no estádio? Como eles cruzaram a fronteira transportando tais itens? Assim, fica também a impressão de que as autoridades locais quiseram dar uma resposta à massa boliviana e acobertar sua incompetência. O mesmo se aplica aqui no Brasil. Se as Torcidas entram com itens proibidos é porque alguma autoridade foi negligente com o caso. Isso sem falar no clube que administra o estádio. Então, se cobramos atitude de nossas autoridades no sentido de rigor na fiscalização, o mesmo se aplica às autoridades bolivianas.

Enfim, nada do que for dito agora irá trazer conforto à família do rapaz assassinado e muito menos trazê-lo de volta. O que se espera apenas é que não haja impunidade para os envolvidos. Não só para aqueles que executaram a ação, mas também para os que permitiram que ela acontecesse. E que este fato sirva para, de uma vez por todas, que se criem medidas para evitar que futuras tragédias aconteçam. Torçamos para que ao menos dessa vez, não pensem nos votos e nem na audiência, mas sim, na vida!

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