quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mordaça nas denúncias contra arbitragem



O Campeonato Brasileiro de 2005 ficou marcado pelo escândalo da arbitragem protagonizado pelo árbitro Edilson Pereira de Carvalho. Na época, Edilson foi acusado e confessou ter participado de um esquema de manipulação de jogos em nome de uma rede de apostas. O árbitro foi afastado (não foi preso), os jogos em que ele apitou foram remarcados e o assunto foi deixado de lado.

Mas toda corrupção da arbitragem e manipulação de jogos foi encerrada após este episódio? Segundo algumas denúncias recentes não. Em janeiro de 2012, o então árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, acusou o então presidente da Comissão Nacional de Arbitragem (CONAF), Sérgio Côrrea, de corrupção. De acordo com Gutemberg, Sérgio coagia os árbitros recomendando como eles deveriam atuar. Sérgio Côrrea minimizou as acusações, o árbitro, que fora excluído do quadro da FIFA dias antes da denúncia, foi deixado de lado e nunca mais se falou no tema.

Essa semana, nova denúncia. Aristeu Tavares, então presidente da CONAF, em entrevista ao jornal O Popular, comentou que recebeu denúncias contra árbitros e que as mesmas foram encaminhadas ao Ministério Público. Mas o que mais chamou atenção neste episódio foi a atitude de demitir Aristeu. O correto não seria investigar a denúncia? Chamar Aristeu para depor e explicar melhor o caso?

Na época do escândalo com Edilson Pereira, houve muitos torcedores insinuando que os jogos foram remarcados apenas porque poderiam favorecer o Corinthians, que acabou sendo mesmo o campeão. Confesso que naquela ocasião não compartilhei dessa ideia, pois penso que se houve a manipulação comprovada, então a anulação dos jogos é obrigatória. Contudo, quem pensava em armação nesse caso, vai ter essa ideia ainda mais reforçada com a atitude das confederações diante dessas denúncias recentes. Por que não há uma investigação mais profunda? Por acaso isso atrapalharia algum time que as federações não querem que seja atrapalhado? Não quero insinuar isso, mas é uma pergunta que vai ser feita por torcedores!

A CBF então dá mais um show de incompetência e descaso com o futebol brasileiro. Será que o presidente José Maria Marin é da turma que acha que o erro da arbitragem é que dá graça ao futebol? Se for, trate de tirar isso da cabeça, Sr. Marin. O erro não tem graça nenhuma, o erro irrita o torcedor e o faz nem querer acompanhar o esporte mais!

E não é só a CBF e as federações a agir com negligência e censura não. A cobertura da mídia também deixa muito a desejar. Perguntem a dez torcedores sobre as denúncias de Gutenberg. Eu duvido que dois lembrem o caso. A cobertura foi mínima, parecendo não dar muita importância ao caso. Talvez até pelo excesso de comentaristas de arbitragem, presentes em vários jornais esportivos, que sempre se mostram corporativistas em seus comentários. A denúncia de Aristeu Tavares é recente e ainda está sendo comentada, mas vamos aguardar os próximos dias para saber se não será engavetada.

Espero que as denúncias relatadas por Aristeu tenham sido de fato encaminhadas ao Ministério Público e que este faça o seu trabalho corretamente. O que não pode mais acontecer é o futebol brasileiro funcionando como um circo onde o torcedor é o palhaço!

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