terça-feira, 7 de maio de 2013

Um campeão incontestável




No último final de semana, o Botafogo derrotou o Fluminense pela final da Taça Rio, segundo turno do Campeonato Carioca, e faturou o título Estadual sem necessidade de uma final (já que vencera também o primeiro turno, a Taça Guanabara). Quando um time vence os dois turnos, fica fácil afirmar que foi um campeão com merecimento. Mas mesmo assim, vamos dar uma olhada na trajetória do alvinegro.

O Botafogo iniciou o ano com a mesma equipe que terminou 2012, com o reforço do zagueiro Bolívar. Assim, na teoria o clube sairia atrás dos rivais Fluminense e Vasco, que tiveram um desempenho superior no Campeonato Brasileiro. Contudo, o clube cruz-maltino teve várias baixas no elenco e já demonstrava queda de qualidade. Diferente do Botafogo, que reagiu ao final do ano anterior, dando a entender que com melhor entrosamento, principalmente dos jogadores que chegaram durante o campeonato (Seedorf e Lodeiro), poderia alcançar vôos mais altos.

Entretanto, o Botafogo começou o ano de forma irregular. O jovem atacante Bruno Mendes não correspondeu à expectativa criada por suas boas atuações em 2012. E assim, o tão criticado Rafael Marques voltou ao ataque titular. O meio de campo começava a se entrosar ofensivamente, mas o time não conseguia controlar os jogos e a defesa seguia levando gols por falhas tanto individuais como de posicionamento. Ainda assim, o time conseguiu se classificar para as semifinais da Taça Guanabara, sendo o pior dos quatro grandes classificados.

E eis que justamente na semifinal contra o Flamengo é que veio a acontecer o imponderável e que foi determinante para a conquista do título. Antes do jogo, o time perdera o lateral Márcio Azevedo, negociado com a Ucrânia, e Antônio Carlos, contundido. E ainda no primeiro tempo, saem contundidos Renato e Andrezinho. Entram no time o jovem Dória na zaga, o seguro Júlio César na lateral esquerda, e os combativos Gabriel e Marcelo Mattos na cabeça de área (ambos voltando de contusão). O que se viu a partir daí, foi um Botafogo muito mais competitivo e aguerrido. Passou a marcar o adversário em seu campo, inverter mais as jogadas e ocupando bem os espaços.

O time venceu a Taça Guanabara após derrotar Flamengo e Vasco em jogos em que os rivais tinham vantagem do empate. Analisando o retrospecto do Botafogo até então, este feito foi algo até inesperado para muitos torcedores. E a partir daí a equipe só evoluiu.

Durante a Taça Rio, o que se viu foi um time atuando com tranqüilidade em todos os jogos. A zaga com Dória e Bolívar não deixava espaços. Júlio César e um Lucas mais maduro passaram a avançar com mais consciência, não deixando buracos na defesa. E Marcelo Mattos e Gabriel montaram um ferrolho de proteção que dificilmente permitia que um adversário chegasse com liberdade na área alvinegra. E mesmo quando isso acontecia, o excelente goleiro Jefferson (visto por muitos como o melhor do Brasil) fazia suas intervenções. Com a parte defensiva garantida, os meias ofensivos tinham liberdade para se movimentar. Seedorf comandou o meio de campo com categoria e maestria, apoiado por um Lodeiro tão combativo quanto técnico. Na minha opinião, o craque do campeonato. E não se deve se esquecer de Felipe Gabriel, incansável dentro de campo ajudando o ataque e colaborando com a defesa. Neste cenário, até o criticado Rafael Marques conseguiu aparecer com gols e assistências.

E assim, no segundo turno, o Botafogo controlou todas as partidas, vencendo-as sem levar susto ou se desgastar em excesso. Na fase classificatória, o time venceu todos os jogos, fez vinte gols e sofreu apenas três, demonstrando a supremacia da equipe no campeonato. A seriedade foi mantida na semifinal quando a equipe derrotou o modesto Resende por cinco a zero.

Faltava ainda ao Botafogo o teste de enfrentar o campeão brasileiro, o Fluminense. As equipes já haviam se encontrado no primeiro turno, e o placar terminou empatado em 1 x 1. No confronto final da Taça Rio, o Fluminense estava desfalcado de duas de suas estrelas: Fred, contundido, e Deco, pego no anti-dopping. Mas nem por isso o tricolor foi a campo sem vontade. O jogo foi marcado por várias disputas ríspidas que poderiam resultar em expulsão, o que não aconteceu devido à negligência do árbitro Marcelo de Lima Henrique.

Voltando ao jogo em si, mesmo com os desfalques tricolores, não se pode minimizar a atuação do Botafogo. O time jogou com a mesma intensidade dos jogos decisivos da Taça Guanabara, dando poucos espaços para o Fluminense que só tinha em Carlinhos sua válvula de escape no primeiro tempo. O alvinegro venceu por 1x0 e poderia ter vencido por mais, não fossem dois gols mal anulados. E assim sagrou-se campeão carioca conquistando os dois turnos.

O Botafogo então é o melhor time do Brasil? Não, não é. De cara já podemos apontar equipes como Corinthians e Atlético/MG estando num patamar acima. Além disso, é provável que o alvinegro carioca perca alguns jogadores para o campeonato brasileiro. Assim, não se pode afirmar com certeza que o time é candidato a título brasileiro ou coisa parecida. Mas a intenção deste texto não era esta, e sim atestar a legitimidade da conquista alvinegra. Foi de fato um incontestável campeão!

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