Um Oscar na estreia
Acompanho a seleção brasileira desde 1990 e desde aquela Copa ainda não vi uma boa estreia da Seleção Brasileira em Copa. Foram vitórias, mas nenhuma com facilidade ou com o Brasil impondo seu jogo. Nesta Copa não foi diferente.
Em primeiro lugar deve-se levar em conta o nervosismo dos jogadores. Era nítido nos olhos de alguns como Thiago Silva, Daniel Alves e Paulinho que estrear numa Copa no Brasil tinha uma carga emocional grande. Se na Copa das Confederações havia um sentimento dos jogadores de provar valor, agora havia o peso do favoritismo e da obrigação do Hexa.
De todo modo, não se pode negar que tática e tecnicamente a Seleção esteve bem abaixo do que se esperava. Dentro de sua proposta de marcação e aproveitamento de espaços e contra-ataques, a Croácia esteve melhor na maior parte do primeiro tempo. O time europeu exercia forte marcação no meio de campo e aproveitava as saídas rápidas pelas laterais, aproveitando a fragilidade de marcação do Brasil, principalmente no lado de Daniel Alves que, aliás, periga ser um dos pontos fracos deste time, já que não vinha bem no Barcelona e não exercia exatamente uma posição de lateral lá. Tanto Thiago Silva como David Luiz estavam ansiosos na marcação, com este último mais preocupado em espanar a bola e chegando atrasado em alguns lances. Marcelo, também burocrático, acabou fazendo o gol contra num lance de falha coletiva da defesa.
Ofensivamente, o Brasil praticamente jogava com dois a menos. Fred completamente isolado sem receber a bola e também não se deslocando para tentar atrair a marcação. Hulk ainda apareceu mais, mas sem dar sequencia a uma jogada (ainda que tenha jogado no lado oposto ao que costuma jogar). Quem destoava positivamente da equipe eram Neymar e Oscar, este que começou até tímido, mas cresceu de produção e fez sua melhor partida pela seleção brasileira, sendo o nome do jogo.
Neymar, principalmente na primeira etapa, fez o que se espera dele. Chamou o jogo para si, tentou jogadas individuais e assumiu a responsabilidade como principal jogador brasileiro. Foi premiado com o gol de empate, onde teve a colaboração de um atrasado goleiro croata. Preocupa um possível cansaço ou desgaste muscular de Neymar, que na segunda etapa, participou menos do jogo e até mancou em certos momentos.
O segundo tempo, aliás, foi bem burocrático, com poucas boas jogadas de ambos lados. Até mesma a torcida brasileira foi contagiada, vibrando pouco até o segundo gol. Gol este que contou com a ajuda da arbitragem. Confesso que na hora da jogada também achei que fosse pênalti, mas vendo a repetição foi possível notar que Fred forçou a queda.
Quem seguiu destoando foi Oscar. No último post cheguei a comentar da preguiça com que este jogador vinha atuando tendo inclusive a vaga ameaçada por Willian. Mas diferente do que eu esperava, Oscar foi tudo, menos preguiça. Marcou, deu carrinho, recuperou bola na defesa, chutou com perigo, driblou, cruzou e no final foi premiado com um gol. Provavelmente a melhor estreia que já vi de um jogador brasileiro em uma Copa do Mundo.
Muito está se comentando sobre armação na marcação do pênalti do segundo gol. Penso que este pensamento é um tanto exagerado e prematuro. Primeiro que a arbitragem também prejudicou a Seleção Canarinho com impedimento inexistente no primeiro tempo. Segundo, erros de arbitragem em Copas não são inéditos, árbitros tendem para o time da casa na dúvida e não é a primeira vez que o Brasil é beneficiado. Alguém se lembra do gol não validado da Espanha na estreia brasileira em 1986? Quem não lembra pode olhar na imagem abaixo.
Ou quem quiser um exemplo mais recente, podemos citar a estreia contra a Turquia em 2002, quando Luizão, derrubado fora da área, caiu dentro desta e o pênalti foi assinalado, dando a vitória ao Brasil.
Estou querendo com isso minimizar o fato? Não, longe disso. Erros são erros e devem ser evitados. Apenas acho que é precipitado falar em “armação para o Brasil” por causa do fato de hoje.
Para o restante da Copa, acredito que somente nos próximos jogos poderemos analisar melhor o Brasil tática e tecnicamente, pois não haverá o peso do nervosismo da estreia. Por enquanto, preocupa-me uma possível falta de opções da equipe para o ataque. Bernard entrou no lugar de Hulk e além de não fazer muito além de aprontar correria, demonstrou imaturidade num lance agarrando acintosamente e sem necessidade um adversário no campo de ataque. As outras opções são Willian e Jô, este último não tendo sido destaque nem mesmo no Atlético Mineiro.
A Copa está apenas começando e ainda veremos muitas surpresas. Por hora, a Seleção Brasileira precisa saber que precisa melhorar para o próximo jogo, tanto no conjunto quanto individualmente. No mais, a torcida pode comemorar e aguardar a próxima partida. Bom jogo, Fortaleza!
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