Sabe de nada inocente...
A escolha de Dunga como novo treinador da seleção brasileira não deveria gerar tanta surpresa, uma simples pesquisa pelos 100 anos da nossa seleção podemos encontrar fatos idênticos ao que presenciamos nos últimos dias.
Após a humilhante derrota para os alemães ficou claro que o futebol brasileiro estava muito atrasado com relação ao futebol praticado na Europa, um clamor por mudanças na estrutura do nosso futebol foi feita em todas as mídias, e muitos acreditaram que depois desta grade derrota os poderosos do futebol brasileiro finalmente dariam um grande passo neste sentido, mas não, os passos dados foram os mesmos de outras Copas.
No livro História das Copas, João Máximo relatou alguns casos pitorescos que aconteceram com a nossa seleção durante as 19 edições anteriores, na maioria dos casos, técnicos eram escolhidos por questões políticas internas da então CBD ou por influência da política nacional, mas vamos nos concentrar no atraso tático que sempre acompanhou o futebol pentacampeão.
Em 1938 o treinador Ademar Pimenta ainda utilizava o sistema 2-3-2-3, quando o sistema WM já era utilizado pelos europeus desde 1925! Neste período a confiança no talento individual de nossos jogadores já era mais importante que opções táticas, outro ponto a ser mencionado era que os brasileiros não sabiam dar o tiro de meta, demonstrando falta de conhecimento das leis do jogo.
Em 1954, o então técnico Zezé Moreira e toda comissão técnica desconheciam o regulamento da competição, e durante o empate em 1x1 contra a Iugoslávia, resultado que classificava ambas as equipes, o que se viu foi uma seleção desesperada com o empate, gerando um desgaste desnecessário emocional quanto técnico.
Em 1966 tivemos a primeira experiência de trazer de volta um técnico vencedor ao comando da seleção, Vicente Feola campeão em 1958 assumira novamente a seleção buscando repetir o sucesso de anos atrás e com a convocação de 44 jogadores para a fase de preparação, um professor de judô(Rudolf Hermany) responsável pelos treinamentos e João Havelange como chefe da delegação, voltamos mais cedo pra casa.
Para Zagallo em 1974 a Holanda jogava um futebol "tico-tico no fubá", apesar de conhecer bem o esquema tático holandês.
E em nossa história recente tivemos Parreira voltando em 2006 fracassando como também fracassou Telê Santana em 86, passando por Felipão em 2014 e agora Dunga.
A história é antiga, o que Marin e sua turma fizeram foi simplesmente manter o padrão que todos aqueles que o antecederam fizeram na época em que apenas o talento de nossos jogadores era suficiente. Podemos ganhar a Copa 2018, mas continuaremos a andar em círculos, sem evolução tática ou crescimento de nossos clubes. Hoje não formamos mais armadores nem atacantes, daqui a pouco nos faltarão goleiros, laterais...o que me leva a crer em um pensamento do velho Marin:
"Mudanças? Sabe de nada inocente..."
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