sexta-feira, 7 de setembro de 2012

“Pioneirismo” português



Em tempos que um “fair play financeiro” é aprovado pela UEFA e alguns de seus clubes integrantes simplesmente o ignoram - gastando bilhões de euros em compra de jogadores - um clube português chama a atenção para um aspecto um pouco diferente quando o assunto é o mercado europeu.
Se tomarmos nota apenas as últimas seis temporadas, o Futebol Clube do Porto arrecadou cerca de 286 milhões de euros apenas com negociações de jogadores.

E nesta última janela de transferências, os Dragões, mais uma vez, fizeram um “negócio da China”. Neste caso, “da Rússia”. Aliás, foi-se o tempo que expressão “a coisa tá russa” significava algo ruim. Ao menos quando o assunto é futebol e dinheiro, a Rússia e outros países dissidentes da antiga União Soviética mostram-se como um verdadeiro eldorado.

Mas voltando ao Porto e os russos:
Pois bem, no dia 31/08, último dia da janela, o Porto vendeu Hulk ao Zenit-RUS pela bagatela de 60 mi de euros. Hulk, até o momento, era o principal jogador da equipe, mas isso não é problema, já que nas últimas temporadas o clube português vendeu vários jogadores com a mesma ou maior importância que o atacante brasileiro.

Radamel Falcao Garcia, que hoje é o atacante mais desejado na Europa, quando vendido pelo Porto ao Atlético de Madrid, era campeão português e campeão da Liga Europa, foi vendido na temporada anterior ao Atlético de Madri por aproximadamente 60 milhões de euros. Investimento já bem recuperado, tendo em vista que Falcao foi decisivo na última Liga Europa e na decisão da Supercopa Européia realizada na última sexta-feira.

Quando o assunto é negociação de jogadores, o clube tem vários exemplos onde o lucro de revenda foi infinitamente superior ao investimento, a saber:

JOGADOR ORIGEM COMPRA (€)  VENDA (€)
Hulk
Falcao García
Pepe
Brasil
Colômbia
Portugal (naturalizado)
19 mi
5,5 mi
1 mi
60 mi
40 mi
30 mi
Anderson Brasil 8,2 mi 30 mi
Quaresma Portugal 6 mi 24,6 mi
Lisandro Lopéz  Argentina 2,3 mi 24 mi
Bruno Alves Portugal formado no clube 22 mi
Bosingwa  Portugal 1,5 mi 20,6 mi
Raúl Meireles  Portugal 2,6 mi 14 mi
Fredy Guarín  Colômbia 1 mi  11 mi
Álvaro Pereira  Uruguai 4,5 mi 10 mi

Fonte: www.superesportes.com.br

Claro que toda essa liquidez do Porto não é por acaso. É resultado do trabalho “além-mar” do clube, que tem olheiros por todo o mundo, principalmente no mercado sulamericano e dele contrata vários jogadores.
O alvo é bem claro: atletas jovens que se destacam em seus clubes e que demonstram potencial de talento e com isso, poder de revenda para outros mercados na Europa.

Tanto entra e sai  temporada por temporada poderia atrapalhar a conquista de campeonatos. No entanto, o clube além de deter a hegemonia do futebol português, além de títulos internacionais como a Liga Europa 2010/11 e Liga dos Campeões da UEFA 2003/04 e campeão intercontinental na mesma temporada.

Séculos depois da expansão marítima - liderada pelo reino português - o Porto atravessa o oceano em busca de "matéria-prima" para manutenção de um patrimônio bilionário.
Trazendo a discussão para termos econômicos mais atuais, os jogadores funcionam como “commodities”.

E como em time que está ganhando não se mexe, o perfil investidor/revendedor do Porto continua em franca expansão. Apesar de ter negociado Hulk, o clube recusou proposta pelo atacante colombiano James Rodríguez, o português João Moutinho, entre outros.
Até mesmo pelo jogador brasileiro, o clube já havia recusado uma oferta de 40 milhões de euros do Chelsea. De forma nada coincidente, os valores também sairiam da Rússia, já que o clube pertence ao magnata russo Roman Abramovich.

E finalmente, o detalhe mais importante: o clube vende muito bem seus jogadores.
Não revende um jogador por um valor menor que sua compra. Assim, a chance de prejuízo é quase nula. È simples, não é? Pena que inúmeros clubes sequer se esforçam para ao menos copiar este exemplo.

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