segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sobre a base da Seleção Brasileira



Após o último amistoso da Seleção Brasileira de futebol, que acabou no empate de 1 x 1 contra a Rússia, iniciou-se a discussão sobre a falta de entrosamento da equipe. Foram mostradas várias imagens do jogo evidenciando falhas causadas, teoricamente, pelo fato dos jogadores não estarem acostumados a jogarem juntos. Surgiu, então, a ideia de que um time servisse de base para a Seleção. Deram o exemplo de Botafogo e Santos de 62 e Pelé comentou que esse time deveria ser o Corinthians. Mas será que a questão deve ser analisada de forma tão simplista assim?

Primeiro temos de levar em conta o momento em que tudo acontece. O ex-técnico da Seleção, Mano Menezes, dirigiu o time desde 2010 (depois da Copa) e até novembro de 2012. Nesses poucos mais de dois anos, não conseguiu implantar um esquema tático e uma time que convencesse. Grande era a pressão por sua saída, mas ela só aconteceu no final de 2012. Luiz Felipe Scolari assumiu o time tendo um pouco mais de seis meses até a Copa das Confederações. 

Bem, se por um lado Mano Menezes não conseguiu montar uma equipe vencedora, por outro lado ele já tinha conseguido montar uma base. Luiz Felipe chegou e trouxe jogadores de sua confiança, que já nem tinham mais espaço na Seleção. Ou seja, é outra base. Assim, quem promoveu a troca dos técnicos já sabia (ou deveria saber) que uma base não é montada de uma hora para outra, apenas na conversa. Talvez tenham apostado que a experiência dos jogadores que voltaram compensaria isso ou então simplesmente quiseram dar uma resposta ao torcedor. O fato é que o possível desentrosamento já era esperado e deve, portanto, ser enfrentado e não reclamado.

Dito isso, vamos ao problema em si. É fato praticamente incontestável que jogadores que nunca atuaram juntos precisam de um pouco de tempo para se adaptar. O talento e a experiência individual ajudam muito, mas o conjunto e a tática no futebol de hoje são fundamentais. O que não falta são exemplos de times sem grandes destaques que fazem boas apresentações baseadas no conjunto. Contudo, como bem disse o ex-treinador Valdir Espinosa, erros individuais e falta de orientação técnica nada tem a ver com falta de entrosamento. 

Hulk é bom jogador, mas tem de fato um futebol para ser titular da Seleção Brasileira? Por que a insistência com ele? Quando Daniel Alves recebe pela direita, raramente alguém encosta para tabelar, obrigando-o a seguir com a bola até perder. Isso se resolve com uma conversa de vestiário ou uma orientação à beira do campo. Sem mencionar as bolas atravessadas na frente da defesa. Problemas que o entrosamento não vai resolver.

Mas vamos analisar agora a sugestão de jornalista e de Pelé. Além da Seleção de 62, outros exemplos foram citados, como a Espanha que usa o Barcelona como base. A ideia é muito boa, mas quando se tem um time que realmente possua ótimos valores individuais e não apenas que funcionem dentro de um esquema. Os jogadores da Seleção de 1962, que tinha Botafogo e Santos como base, eram de fato os melhores do país em suas posições. Podemos dizer o mesmo do Corinthians? Quantos jogadores corinthianos são os melhores no que fazem dentre todos os jogadores brasileiros? É evidente que o Corinthians é uma excelente equipe, mas dentro do esquema que Tite montou e que demorou a ser assimilado. Ou já esquecem que este mesmo Corinthians fora eliminado na pré-Libertadores em 2011? Queriam a cabeça do treinador por isso até. Contudo, a diretoria confiou nele, houve tempo para o esquema ser assimilado e a equipe se tornou vencedora. Mas se você fosse um bilionário e quisesse gastar dinheiro montando um time, contrataria o time do Corinthians inteiro?

É evidente que podem alegar que a Seleção não tem o tempo que o Corinthians teve para se entrosar e assimilar o esquema de Luiz Felipe. Só que aí eu pergunto: para que contrataram Luiz Felipe Scolari então? Não seria mais prático dispensá-lo e colocar Tite de treinador? O princípio básico de uma Seleção de Futebol de um País é ter os melhores jogadores do País (pelo menos na visão do treinador). Se a ideia é aproveitar o entrosamento de um time que não possui os melhores do País, então nada mais justo que levar junto o treinador responsável por este esquema!

Na ânsia de provar o argumento, a imprensa chegou a citar como exemplo a Seleção convocada por Candinho que teve o quarteto de ataque do Vasco no time titular. Ora, novamente precisamos analisar o contexto da época. Candinho só dirigiria a Seleção em apenas uma partida e sabia disso (substituía interinamente Vanderlei Luxemburgo, demitido anteriormente). Como ele não queria se complicar, convocou a base do Vasco. Deve-se lembrar que o Vasco era o melhor time brasileiro no momento e possuía no ataque, jogadores que, se não estavam entre os 22 melhores do País, estavam bem perto disso. Além do mais, o jogo foi contra a fraquíssima Seleção Venezuelana. Assim, há que se ter cuidado antes de citar este exemplo como argumento.

Assim, penso que o problema de entrosamento de fato existe, mas não pode ser apontado como o único culpado pelo fato da Seleção não estar vencendo. De qualquer forma, é um problema que todos sabiam que iriam acontecer. E não adianta que não existe solução rápida para isso, como estão tentando propor. O mais provável é que se consigam apenas remendos e tampões, que correm o risco de vazar durante as competições. E aí? Quem limparia a bagunça?

6 comentários:

Anônimo disse...

OK.

Criam um blog e não comunicam.

Zé.

9 de abril de 2013 às 08:52
Anônimo disse...

Ok,

E tambem não repondem.


Zé.

10 de abril de 2013 às 08:46
André Marques disse...

Fala, Zé.
Poxa, desculpe a falta de resposta, mas é que você não se identificou muito bem e aí ficou difícil fazer a comunicação.

Abraços

10 de abril de 2013 às 09:34
Anônimo disse...

Andmarques.

Eu estava de zoação, tendo em vista que só agora descobri o seu blog. Na verdade zé e qualquer um, pode ser até um zé ruela.
Entretanto, todavia, não tenho nada de zé, eu sou conhecido na rede botafoguense como "********". Aquele mesmo que gosta/gostava de descer a madeira no "Caneludo Embusteiro".
rsrsrs.

Pronto me identifiquei.

Um abraço.

O Próprio.

10 de abril de 2013 às 14:33
Anônimo disse...

Andmarques.

É por essa e por outras que eu ando desanimado de comentar o Botafogo. Você foi na ferida. Mas tem gente tapando o sol com peneira.

"É, a torcida alvinegra realmente perdeu o noção.

Rafael Marques faz uma furada ridícula, logo em seguida é substituído e ainda sai aplaudido...

Ah, esse Brasileirão...

Patinhas.

10 de abril de 2013 às 14:37
André Marques disse...

Fala Patinhas! É um prazer tê-lo por aqui, hehehe.

Cara, é por isso que eu chamo o Rafael Marques de Alessandro do ataque. Segue todo o script, inclusive de "compra" da torcida. Realmente fica difícil se animar. Mais um pereba perpetuado pelo campeonato carioca...

10 de abril de 2013 às 14:50

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